Sérgio Sette Câmara e os bastidores do teste na Indy em Austin

Foram 28 voltas, numa pista nada simples, com um carro exigente em termos de potência (700cv) e físico. E um desempenho surpreendente diante das condições. Sérgio Sette Câmara falou com exclusividade ao Racemotor sobre a experiência no comando do Dallara-Chevrolet #31 da Carlin no COTA, em Austin. E revelou alguns detalhes que tornam o contato com a NTT Indycar Series ainda mais especial.

Se muita gente já cravava um acordo com o time de Trevor Carlin para dividir o cockpit com Felipe Nasr antes mesmo do teste, a realidade é bem outra. “Na quinta-feira anterior aos treinos o Trevor me ligou, oferecendo a chance de andar. Pensa bem: seria loucura recusar a oportunidade de testar um carro como da Indy, numa pista sensacional, e por uma equipe que eu conheço bem. Até que tudo se acertasse, só consegui chegar ao circuito na terça pela manhã. O que não era problema, já que seria o dia dedicado ao Felipe”. E nada de preparação em simulador específico. “Pratiquei em casa mesmo, dei algumas voltas pra pegar a pista”.

A chuva constante, no entanto, cancelou toda a programação do primeiro dos dois dias do Open Test. O que, a princípio, não seria grande problema. Os dois brasileiros dividiriam a programação nas duas sessões previstas. Que se tornaram uma só, ainda por cima prejudicada por mais pista molhada no início.

“A ideia era que cada um andasse mais ou menos por três horas. O Felipe esteve no carro mais ou menos por esse tempo mas, diante da correria para refazer os ajustes, acabei ficando com pouco mais que duas horas. E fui para a pista com o banco dele. Nas primeiras saídas procurei me acostumar ao carro e ao traçado e evoluir de modo constante. Lógico que é tudo diferente – dimensões, ângulos, geometria de suspensão, pneus – mas ainda assim é um fórmula”.

Dos quatro segundos em relação ao melhor tempo, a diferença passou a dois. E, na teoria, terminou em 1s740. Teoria por que o 1min48s470 não foi a volta mais rápida do mineiro. Ele chegou a registrar 1min48s011, que acabou anulado porque o fim da volta coincidiu com uma bandeira vermelha.

“Lógico que foi muito bom, ainda mais diante das condições. Não chegamos a usar todos os pneus novos disponíveis. No fim já estava trabalhando regulagens das barras, mas ainda havia muito a fazer para avançar no acerto. A sensação é de que se tivesse andado mais, poderia me aproximar dos 10 primeiros. E a grande maioria conhece muito bem o conjunto, tem anos de experiência. A Indy tem um ambiente diferente, e os norte-americanos, apesar do currículo do piloto, querem ver do que você é capaz lá”.

Futuro

Seria então a Indy o caminho para a temporada 2020, ou pelo menos parte dela? Segue o mistério. Ainda em negociações e definições, ele revela que recebeu a instrução de não antecipar os planos. “Isso talvez não mude a vida de ninguém, saber para onde vou, mas é assim que funciona”. Pessoas ligadas ao piloto antecipam apenas que “vem coisa boa por aí”.

Do outro lado do Atlântico, diante da ausência no lançamento da nova McLaren, não seria absurdo pensar no posto de terceiro piloto da Racing Point. Ainda há lugares disponíveis na F2 para o que seria uma quarta temporada. E o sucesso do teste em Austin pode, perfeitamente, levar a uma oportunidade ao longo do ano.

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