Por 35 anos, a marca do inesquecível alemão Stefan Bellof reinou absoluta para os 20.832m do Inferno Verde: o Nordschleife, ou a variante completa do lendário circuito de Nurburgring: 6min11s13, a bordo de um Porsche 956 nos treinos para a etapa de 1983 do Mundial de Endurance. Mais rápido inclusive do que os tempos registrados pela F-1 enquanto o traçado era usado na categoria máxima do automobilismo mundial. E parecia difícil, apesar de toda a evolução tecnológica, bater o tempo, considerando o que é acelerar numa verdadeira montanha russa quase sem áreas de escape e com mais de 160 curvas, alternância entre asfalto e concreto e todo o tipo de armadilha à espreita.
Parecia, porque ficou claro que a própria Porsche, como parte das comemorações por seus 70 anos, “atacaria” o Nordschleife com seu 919 Hybrid Evo para reescrever os livros de história, assim como fez em Spa-Francorchamps, onde o protótipo estabeleceu novo recorde absoluto, mais rápido, inclusive, do que os F-1 atuais. Vale lembrar que a máquina tricampeã mundial de endurance ganhou novos dispositivos aerodinâmicos, perdeu quase 40 quilos e, mais importante, deixou de estar submetida aos limites de consumo de combustível e energia elétrica existentes no FIA WEC. Trata-se de uma “besta” de 1.160cv jogados nos dois eixos.
E ninguém melhor do que um dos maiores conhecedores do traçado para estabelecer a nova marca. Timo Bernhard, além de campeão mundial e vencedor das 24h de Le Mans, está quase no quintal de casa, tantas as vezes que acelerou pela série VLN de resistência; disputou as 24h de Nurburgring (também com vitória) e é dono de um time com as 911 GT3 R que tem no autódromo sua base. Pois, a exemplo do que fez Neel Jani em Spa, o alemão demoliu o tempo de Bellof, limando quase um minuto no que havia feito o compatriota: 5min19s55, a uma inacreditável média de 233,8 quilômetros por hora.
“Fiz o meu melhor, não conseguiria andar mais rápido. O carro estava perfeitamente preparado e eu tive de reajustar minhas referências, já que pude andar de pé embaixo em trechos aonde sempre tive de frear. É inacreditável o downforce do 919 Evo”, destaca Bernhard que, no entanto, faz questão de tirar o chapéu para a façanha de Bellof. “Ele era um gigante. Conseguir uma volta como a que fez com a tecnologia que tinha à disposição na época é algo que merece todo o meu respeito e admiração”. A volta você confere no vídeo abaixo.