Alonso fora da Fórmula 1 em 2019. Duro golpe para o circo

Por boa parte da manhã (e da tarde, pelo horário europeu), as redes sociais viveram um terremoto à espera do anúncio prometido por Fernando Alonso, supostamente sobre seu futuro nas pistas – houve quem brincasse sobre a possibilidade de uma megaliquidação de sua marca de produtos esportivos, a Kimoa, além de tuítes fakes e gente que se apressou na tentativa de confirmar antes da hora. Pois ao meio-dia (de Brasília), segundos antes que o asturiano tornasse seus planos públicos, a McLaren confirmou que ele não estará na F-1 em 2019, dando fim a uma sequência de 18 anos, os títulos mundiais de 2005 e 2006, 32 vitórias, 22 poles, 97 pódios e, se alinhar até Abu Dhabi, 314 GPs, por Minardi, Renault, McLaren, mais uma vez Renault, Ferrari e novamente a escuderia britânica.

Competitivo ao extremo, incapaz de esconder seus sentimentos e opiniões ainda que pelo gestual, Alonso se tornou refém do próprio personagem: um devorador de companheiros de equipe capaz de dizer, em plena Suzuka, território da Honda, que o motor dos japoneses era “digno de GP2”. O retorno à McLaren e a parceria com a gigante nipônica, em 2015, eram a tábua de salvação para um piloto que conseguiu fechar todas as portas nos times de ponta e se tornar antipático aos team principals, embora cada vez mais carismático para a torcida. O Alonso que, ao lado de Jenson Button, posou no pódio de Interlagos em 2016; tomou sol em Interlagos numa cadeira de praia de um comissário, cena que viralizou e acabou repetida ano passado na Hungria, quando o circo desejou boas férias ao público; os diálogos cada vez mais sem filtro – chegou a dizer na Alemanha que nem movido a foguete tiraria o carro laranja do fim do pelotão –, viraram uma das atrações de uma F-1 limitada ao duelo Mercedes x Ferrari.

A tentativa quase bem-sucedida de vencer na estreia as 500 Milhas de Indianápolis e a decisão de se abrir ao mundo da endurance, com direito à vitória nas 24h de Le Mans deste ano, abriram os horizontes para o asturiano, cansado, mesmo com o salário milionário, de empurrar um equipamento inferior e indigno da tradição iniciada por Bruce McLaren. Consciente de que, aos 37 anos, dificilmente chegaria ao tri, resolve se concentrar agora nos novos desafios, levando consigo um talento apontado por monstros sagrados como Emerson Fittipaldi e Alain Prost como o mais cristalino da atual geração.

O vídeo publicado no twitter com imagens de sua trajetória (reunida no museu ao lado do kartódromo que leva seu nome), é um adeus que preocupa o circo, já órfão de personagens como Jenson Button e Felipe Massa, e que pode perder também Kimi Räikkönen. Felizmente Alonso seguirá acelerando e, tomara que mostrando toda a habilidade e ironia pelas pistas.

 

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