Fim da maratona: Rally Dakar consagra campeões em Lima
Poeira, areia, fesh-fesh e dunas, muitas dunas. O Rally Dakar 2019 pode ter sido mais curto que os anteriores em termos de distância e dias de prova, mas exigiu de máquinas, pilotos e navegadores como poucas vezes na história. Dez dias depois da partida, Lima, capital do Peru, voltou a receber a caravana, agora para consagrar os campeões. Mesmo nas motos, em que os 112 quilômetros da última etapa ainda determinariam o vencedor geral, acabou não havendo surpresas.
Mesmo com um pulso fortemente contundido, o australiano Toby Price fez valer sua garra e resistência física para vencer o Dakar pela segunda vez (dominou a prova em 2016). Candidato a dar fim à hegemonia da KTM, o chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna) sofreu com um tornozelo contundido, que o impediu de atacar no estágio final. Com isso, ele ficou com a terceira posição, atrás também de Matthias Walkner. O holandês Edwin Straver dominou a categoria Original by Motul, em que o competidor só pode contar com as peças carregadas na própria moto e não pode contar com a ajuda de mecânicos – a russa Anastasia Nifontova se tornou a primeira mulher a completar o rally nessa condição.

Nos carros, Nasser Al-Attiyah e Mathieu Baumel deram a primeira vitória geral à Toyota, com a Hilux da Gazoo Racing SA. O catariano, que já havia conquistado o degrau mais alto do pódio em 2011 (VW) e 2015 (Mini), confirmou o status de favorito num percurso que lembrou muito os desertos do Oriente Médio e conseguiu passar longe dos problemas mecânicos e de navegação que atrasaram Sebastien Loeb e provocaram o abandono de Stephane Peterhansel. O espanhol Nani Roma (Mini JCW 4×4/X-Raid) fez valer a regularidade para terminar em segundo, à frente de um combativo Loeb.
A disputa entre os UTVs teve campeão inédito, mas com bastante experiência na prova. Em seu primeiro ano sobre quatro rodas, o chileno Francisco ‘Chaleco’ López (Can-Am) também foi o mais poupado pelas armadilhas do percurso e venceu quatro etapas para fazer a festa em Lima. O tri brasileiro não veio, mas a participação verde e amarela foi novamente destacada. Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin (Can-Am) venceram três etapas – incluindo a desta quinta e foram ao pódio com a terceira posição final. Os irmãos Baumgart, em seu primeiro Dakar, também fizeram bonito. Marcos, em dupla com Kleber Cincéa, terminou em sexto, três posições à frente de Cristian e Beco Andreotti.

A armada da Iveco bem que tentou interromper o domínio da Kamaz nos caminhões, mas Edouard Nikolaev manteve a supremacia russa entre os caminhões, como nas motos, com dobradinha (Dimitriy Sotnikov terminou em segundo). E entre os quadriciclos a dominação do argentino Nicolás Cavigliasso foi impressionante: mais rápido em nove das 10 etapas, terminou a competição com quase duas horas de vantagem sobre o compatriota Jeremias Ferioli. Gustavo Gallego completou um pódio totalmente argentino.