Sainz, Brabec, Currie e Karginov conquistam o Dakar. Brasileiros concluem bem a maratona
Fim da linha para a primeira edição do Rally Dakar disputada na Arábia Saudita. Com a redução da quilômetragem da última especial (Haradh a Qiddiya), seria difícil ver mudanças de última hora na classificação geral, como, de fato, aconteceu. Sem sustos, Carlos Sainz/Lucas Cruz (Mini JCW Buggy); Ricky Brabec (Honda CRF 450 Rally); Casey Currie/Sean Berriman (Can-Am Maverick) e Andrei Karginov/Andrey Mokeev/Igor Leonov (Kamaz) se sagraram campeões da maratona fora de estrada.
Para os brasileiros, também há motivos de comemoração. O paranaense Antônio Lincoln Berrocal fez um Dakar consistente com a KTM 450 RR do Team Protork para concluir pela primeira vez o desafio. Mais velho inscrito nas duas rodas (61 anos), ele mostrou fôlego e preparo de sobra para terminar em 67º entre os 100 pilotos que alcançaram Qiddiya.
Já Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin (Can-Am Maverick/Team Monster Energy) não conseguiram brigar pelo segundo título entre os UTVs como pretendiam, mas fizeram um rally de superação. A começar pelo problema na primeira etapa que obrigou o paulista a pilotar usando uma ‘engenhoca’ de ferramentas no lugar do volante. O que valeu, à dupla, um prêmio pelo momento mais emblemático da edição.
Em meio a outros contratempos (quebra de uma barra traseira; furos de pneus), ainda conseguiram vencer duas etapas e terminar no nono lugar. Campeões mundiais de rally cross-country FIA em 2019, mostraram que seguem como uma das referências entre os pequenos veículos.
Os campeões
Aos 57 anos, Carlos Sainz escreveu mais uma página de uma carreira lendária, que inclui o bicampeonato do WRC e, agora, três vitórias no Dakar. O espanhol, pai do piloto da McLaren na F1, conseguiu ser rápido e, ao mesmo tempo constante, enquanto os principais rivais caíram nas armadilhas da navegação. Com quatro etapas vencidas, o ‘Matador’ conseguiu resistir à pressão de duas outras lendas do Dakar: Nasser Al-Atttyah e Stephane Peterhansel.
Já Ricky Brabec se tornou, ao lado de Casey Currie (nos UTVs) o primeiro norte-americano campeão do Dakar. Mais do que isso, fez com que a Honda voltasse a vencer depois de 32 anos e quebrou uma hegemonia de duas décadas da KTM. O ritmo do californiano se mostrou forte mesmo para adversários como Toby Price e Matthias Walkner, ambos campeões. Nada menos que cinco sul-americanos fecharam a prova entre os 10 primeiros: os chilenos Pablo Quintanilla (vice-campeão) e José Ignacio Cornejo (quarto); os argentinos Luciano Benavides (sexto) e Franco Caimi (oitavo).

Currie e Sean Berriman levaram a melhor nos UTVs ao fim de um rally completamente imprevisível. As dunas, pedras e areia dos desertos sauditas exigiram muito dos veículos de rodas menores e motorização limitada (pelo regulamento), com mudanças constantes na ponta.
Em sua segunda participação, o pequenino norte-americano tomou a ponta no sétimo estágio e conseguiu manter um ritmo regular para não mais perdê-la, considerando a vitória uma experiência ‘épica’.
Entre os pesados, Andrei Karginov chegou à segunda vitória (depois de 2014) com o caminhão 43509 da armada russa Kamaz. Líder desde o quarto dia, seguiu atacando para vencer impressionantes sete etapas rumo à conquista.
Alonso
Grande novidade do Dakar 2020, Fernando Alonso deixou sua marca e mostrou mais uma vez sua versatilidade. Com pouco mais de seis meses de preparação específica, o bicampeão mundial de F1 não se deixou levar pelo excesso de confiança e soube encarar o desafio com o respeito necessário. Ajudado por Marc Coma (campeão como piloto nas motos), teria terminado com folga entre os seis primeiros sem o tempo perdido para reparos.
A capotagem no primeiro dia da etapa maratona acabou sendo o único senão de uma estreia positiva, que faz do asturiano nome forte para vencer etapas e, porque não, buscar mais uma façanha para um currículo de respeito.

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