Única a vencer no Dakar, Jutta Kleinschmidt está no Sertões. E inspira competidoras

O maior rally das Américas é também, cada vez mais, o espaço delas. A luta pelo empoderamento feminino tem, no Sertões, um espaço privilegiado. Afinal, desde seus primórdios as mulheres têm participação destacada na maratona off-road que atravessa o Brasil. Competem em condição de igualdade com os homens, sem categoria específica; enfrentam todos os ‘perrengues’ sem deixar de lado o charme e a vaidade. O Sertões 2020 realiza esse ano sua 28a edição. A prova largou dia 30 de outubro de Mogi Guaçu (SP) e termina em Barreirinhas (MA), dia 7.

Este ano são 38: 14 no Cross Country; três no regularidade e 21 na Light. Um time que ganhou uma ‘madrinha’ de respeito. Afinal, a presidente da Comissão de Rallies Cross-Country da FIA, que acompanha a edição 2020 para um possível retorno ao Mundial de Rally Cross-Country é ninguém menos que a alemã Jutta Kleinschmidt, única mulher a vencer o Dakar na classificação geral entre os carros, em 2001, ao volante de um Mitsubishi Pajero Evolution. E inspiração para as pilotos e navegadoras, nas duas e quatro rodas.

Esse grupo de mulheres reúne desde estreantes a veteranas cuja história já se confunde com a do Sertões. E querem ver mais e mais mulheres a cada nova edição da prova. Helena Deyama, sua navegadora Josiane Koerich (UTV) e a piloto de moto Moara Sacilotti carregam as cores do projeto Mulheres Unidas Sertões Adentro (Musa). Com o objetivo de tornar a participação feminina cada vez mais numerosa. Helena e Moara são um ótimo exemplo. Pequenas no tamanho, se agigantam ao colocar o macacão e o capacete. Moara, nas Motos, completa esse ano 20 participações no Sertões, enquanto Heleninha vai disputar o rally pela 16ª vez.

Sua xará Helena Soares é outra com uma história de amor pelo Sertões, tatuado no braço. E de superação. Também conhecida como rainha de bateria no carnaval paulistano, ela se viu às voltas com um problema cardíaco que a deixou 20 dias em terapia intensiva. Depois de vencer a luta pela vida, está de volta para celebrar essa paixão pela aventura – ela e a navegadora Cláudia Grandi compõem mais uma dupla feminina, nos carros.

Entre as estreantes, tem quem veio de longe e precisou fazer uma maratona para conseguir alinhar. Natural da Guiana Francesa, Laura Lopes teve de sair de Caiena via Paris, diante das restrições provocadas pela pandemia. Para ela, não apenas o Sertões é novidade. Acostumada a competições de motovelocidade, ela encara seu primeiro rally (o marido também faz a prova); nunca andou na moto que está usando e também descobre a navegação das provas de rally cross-country.

“É muito bom ver tantas meninas animadas disputando o Sertões, dou todo o incentivo a elas. Quando comecei, de moto, era uma de poucas. Um dos objetivos da FIA é popularizar o esporte e proporcionar a entrada de mais mulheres. Sei que não é fácil, precisei batalhar muito para garantir patrocínios, correr nos carros, mas fico feliz por saber que hoje sou uma inspiração para tantas. Consegui vencer o Dakar, mostrei que é possível, e espero não ser a única”, comentou a alemã.

Siga o Racemotor no:

Threads

Instagram

Facebook

X

Você também pode gostar
Deixe seu comentário

Este site utiliza cookies para aprimorar sua experiência. Clique em Aceitar se concordar. Aceitar Leia mais