F-1 quer a Porsche, mas não a Andretti. E as duas juntas?
Qual será o futuro da Porsche na nova F-1? A noiva mais desejada do paddock foi abandonada no altar pela Red Bull – os dois lados interromperam semana passada as negociações para uma parceria dada como certa. O projeto da fabricante alemã de esportivos do Grupo VW foi aprovado por seu conselho de administração, com direito ao dinheiro necessário na previsão de orçamento, e as primeiras fases do desenvolvimento de uma unidade de potência ‘made in Stuttgart’ seguem adiante. Ao menos publicamente, sem a certeza dos próximos passos do programa.
Para a Liberty Media, o retorno da Porsche em 2026 seria fundamental sob vários aspectos (o mesmo acontece com a ‘irmã’ Audi, que oficializou sua entrada durante o GP da Bélgica). O primeiro deles é a credibilidade dada à categoria e sua nova orientação mais ecológica, o que inclui combustíveis sem elementos fósseis. As duas marcas alemãs participaram ativamente da discussão do regulamento técnico e sempre deixaram claro que só dariam sinal verde para seus planos caso esse fosse o caminho adotado.
Além disso, a força global da Porsche e sua tradição no automobilismo também pesam, assim como o impacto na Alemanha, mais forte economia da Europa. Com a aposentadoria de Sebastian Vettel, a F-1 teria um importante motivo para não perder prestígio no país. E estaria reforçada a tradição de reunir nomes de peso da indústria automobilística.
Porta fechada
Ao mesmo tempo, é grande a resistência entre as atuais equipes à entrada da estrutura de Michael Andretti. O ex-companheiro de Ayrton Senna na McLaren e filho de Mario tem a F-1 quase como uma obsessão. Seu projeto já conta com investidores dispostos inclusive a pagar os US$ 200 milhões exigidos pela FIA para uma nova escuderia. Taxa que, na teoria, compensa o fato de que haverá mais um time na divisão do bolo dos direitos comerciais.
Na prática, no entanto, o temor de perda de arrecadação é comum ao longo do grid. Mesmo a Liberty, que poderia ganhar muito com a presença de mais uma escuderia norte-americana, não estende o tapete vermelho ao ex-piloto, hoje presente na Indy, Indy Lights, IMSA, Fórmula E e Extreme E.
E se…
Voltemos à Porsche, que teria hoje como opção lógica para estar na F-1 a Williams, equipe que sobrou na dança das cadeiras. Um acordo com o time de Grove colocaria os alemães ao lado de uma das estruturas técnicas mais modestas do circo. Exigiria investimento pesado para evoluir nas áreas de chassi, suspensões e aerodinâmica e garantir um carro à altura da esperada eficiência da unidade de potência.
De onde surge uma possibilidade pouco comentada, mas nada absurda: e se Porsche e Andretti entrassem na Fórmula 1 de forma conjunta? As duas estão menos distantes do que parece: a partir de 2023 a motorização Porsche estará nos carros da Andretti Autosport na F-E. O que permitirá compartilhar dados e conhecer as respectivas competências.
Além disso, os norte-americanos não negariam a presença de homens do construtor alemão em postos-chaves, justamente o que impediu a parceria com a Red Bull. Para o time de Michael, seria um benefício contar com toda a estrutura da Porsche, inclusive para reduzir custos na montagem de seu programa. E os alemães retornariam na ponta dos pés, sem as cobranças e expectativas que um acordo com a Red Bull provocariam. O suposto pré-acordo da Andretti com a Alpine (Renault) não é obstáculo dos mais difíceis a derrubar.
Seria complicado para equipes, Liberty e FIA baterem a porta a uma parceria assim. Perder um nome de peso como a Porsche certamente custará mais do que aceitar a contragosto um 12º time. Por enquanto não mais que uma hipótese, que faria bastante bem à F-1 como negócio e espetáculo.
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