FIA publica regulamento dos novos LMP1 para o Mundial de Endurance
Um calhamaço de 106 páginas com todas as especificações técnicas, permissões e proibições. É sobre esse ‘brinquedo’ que os projetistas e engenheiros vão se debruçar a partir de agora para desenvolver os Hypercars que, a partir da temporada 2020/2021, serão as atrações principais do Mundial de Endurance (o nome oficial da categoria, escolhido pelos internautas, será revelado até o fim do ano). O texto foi aprovado ontem pelo Conselho Mundial de Esporte Motor da FIA, reunido em São Petersburgo (Rússia).
Entre os destaques das regras estão as dimensões máximas (comprimento de 5 metros, largura de 2m e nenhum elemento da carenagem podendo estar a mais de 1,15m do plano de referência – o assoalho -, e peso máximo de 1.040kg). Os motores a combustão terão configuração e cilindrada livre, desde que atendam ao limite de energia máximo por volta estabelecido, sendo proibido o uso de ligas metálicas exóticas. Cada carro terá um sistema híbrido de recuperação e armazenamento de energia (ERS), que pode ser desenvolvido pelo construtor ou oferecido por algum fornecedor, desde que respeitando o custo máximo de 3 milhões de euros por temporada (dois carros). A potência extra será jogada obrigatoriamente nas rodas dianteiras.
Com o estabelecimento de limites aerodinâmicos, de eficiência e fluxo de combustível, a ideia é aumentar o equilíbrio de forma natural, reduzindo os gastos com desenvolvimento. “Quando um fabricante atingir os limites previstos, verá que não faz sentido gastar milhões de dólares a mais, pois não poderá ir além. Não se trata de um BOP, mas de um instrumento para evitar investimentos em excesso; queremos que os times privados também possam brigar pelos primeiros lugares”, explica Vincent Beaumesnil, diretor-esportivo do Automobile Club d’Ouest (ACO), organizador do WEC. O objetivo é de que, juntos, os motores à combustão e elétrico proporcionem potência máxima de 850cv.
Em termos de visual, a ideia é permitir liberdade dentro das dimensões exigidas, com os modelos ganhando desenho semelhante a hiperesportivos de produção – casos do Aston Martin Valkyrie e do Mercedes AMG-One -, mas possibilitando também desenhos inéditos. Por enquanto, embora as principais fábricas tenham participado das discussões, apenas a Scuderia Cameron Glickenhaus (SCG) confirmou planos de desenvolvimento de um protótipo sob as novas regras. Sabe-se, no entanto, que a Toyota caminha para confirmar a participação, enquanto os custos menores e o apelo híbrido podem trazer de volta a Peugeot.
Além disso, pela primeira vez a categoria máxima da competição contará com um sistema de lastro por pontuação. A cada ponto marcado, 0,5kg de peso será acrescentado, por carro, até o limite de 50kg, que será mantido até as 24h de Le Mans, a etapa decisiva do campeonato, quando todo o peso extra será retirado. No circuito da Sarthe, as primeiras simulações consideram um aumento nos tempos de volta na casa dos 5 segundos em relação aos atuais LMP1. No retorno do WEC a Interlagos, oficializado pelo Conselho Mundial para 1º de fevereiro de 2020, o público ainda verá os protótipos atuais, o que já não será o caso no ano seguinte.