Leclerc na Ferrari, Räikkonen na Sauber: o que vem por aí em 2019

Duas linhas secas. A italiana Ferrari, quando quer, deixa de lado qualquer traço latino para ser objetiva e dar o recado sem palavras extras. Assim, ela comunicou que Charles Leclerc será o parceiro de Sebastian Vettel a partir de 2019, confirmando as especulações de bastidores e o que era dado como certo. Muito embora, pelo que parece, a direção da Scuderia tenha feito o possível para adiar a manobra diante do bom desempenho de Kimi Räikkönen nos últimos GPs. Pensando, provavelmente, na importância de dois pilotos constantes e experientes para somar pontos entre os Construtores, uma conquista de que o comendador Enzo não abria mão, por valorizar as máquinas tanto ou mais que os homens.

O pré-contrato assinado por Nicholas Todt, empresário de Leclerc, no entanto, acabou prevalecendo, especialmente num cenário em que a morte de Sergio Marchionne tirou, do comando ferrarista, alguém que pudesse buscar uma solução negociada. O time de Maranello não vinha sendo, desde a perda do Commendatore, em 1988, disposto a fazer apostas arriscadas, preferindo passos bem calculados. Basta lembrar que Felipe Massa se tornou titular, em 2006, depois de três anos na Sauber e um como reserva ferrarista, e com 25 anos. Leclerc, por sua vez, fará 21 em 16 de outubro (aliás, o mesmo número de largadas que terá pela Sauber como experiência na F-1).

É bem verdade que, deixando o currículo de lado, o piloto de Mônaco tem um perfil perfeito para a convivência com Vettel. Tímido, educado, disponível e dono de uma cultura técnica cultivada desde os tempos do kart (correu pela equipe ART, não por acaso, pertencente a Frederic Vasseur, hoje Team Principal da Sauber e… Nicholas Todt). Em sua primeira temporada na Fórmula 1, depois de um ano avassalador na F-2, tem se mostrado mais do que à altura do equipamento. Resta saber como vai se comportar diante do real teste: quando se descobrir nas primeiras filas, puder lutar constantemente pelo pódio e carregar nas costas uma imensa pressão por resultados (da equipe, da imprensa italiana e dos tifosi, que costumam ser pacientes apenas no início). Mas certamente não há riscos de desobediência à hierarquia da equipe. De início, ele trabalhará por Vettel e pelo time, até que os próximos passos do alemão permitam buscar suas próprias ambições.

Por outro lado, a decisão de Räikkönen de não só ver cumprido o último ano de contrato com a Scuderia mas de ficar mais dois no circo mostra como o finlandês está motivado e se sente bem na F-1, a ponto de não se incomodar em ser “rebaixado”. Vale lembrar que, em 2009, quando soube que teria que dar espaço a Fernando Alonso, o finlandês preferiu apostar em outras paixões (o Mundial de Rally, com seu próprio time, e a Nascar Camping World Truck Series), com a bela indenização no bolso paga pela Ferrari. O que poderia acontecer agora novamente. Em sua conta no Instagram, o ‘Homem de Gelo’ chegou a mostrar um bom-humor raro ao recuperar uma foto dos tempos do time de Hinwil e dizer: “adivinhem quem está de volta?”. Com direito a curtida da mulher, Minttu. E não é preciso ser vidente para entender que, se tiver um equipamento mínimamente competitivo e sem a pressão do Cavallino Rampante, o finlandês pode animar muito a disputa no meio do grid – algo semelhante ocorreu com Rubens Barrichello quando foi para a Williams.

Resta apenas a dúvida sobre quem pilotará o outro carro com o “Biscione” da Alfa Romeo na carroceria. Marchionne defendia a efetivação de Antonio Giovinazzi, o que ainda pode ocorrer, desde que haja um acordo com o grupo sueco que salvou a Sauber da falência (ligado à Tetra Pak, fabricante de embalagens longa vida) e banca a permanência de Marcus Ericsson no time.

 

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