O adeus a Mauro Forghieri, o gênio discreto
Uma quarta-feira (2) de luto no automobilismo internacional, com a partida de um personagem que marcou época e se transformou em homem de confiança do comendador Enzo Ferrari. Mauro Forghieri partiu aos 87 anos, quase metade deles dedicada à Scuderia, como engenheiro e diretor do departamento de competições. Um posto assumido com apenas 27 anos, quando o igualmente lendário Carlo Chiti, em rota de colisão com o fundador da marca, decidiu deixá-la.
Nascido em Modena e filho de um mecânico ferrarista, Mauro se graduou em engenharia mecânica pela Universidade de Bolonha. De sua prancheta nasceram máquinas que fizeram história como a 158, que John Surtees levou ao título mundial de F-1 de 1964, ou a série 312 bicampeã F-1 pelas mãos de Niki Lauda (1975/77) e quatro anos depois vitoriosa com Jody Scheckter. Graças a ele os aerofólios traseiros apareceram pela primeira vez na F-1, em 1968.
Também desenhou protótipos como o 330 P4 e o 312PB campeão mundial de resistência, pilotado inclusive por José Carlos Pace. Ainda concebeu motores e se envolvia com a mesma competência no desenvolvimento de aerodinâmica e suspensões, por exemplo.
Lamborghini
Forghieri deixou a Ferrari em 1987, considerando sua missão cumprida em Maranello. Assumiu o motorsport da Lamborghini, então comandada pela Chrysler e criou um V12 para a F-1 que estreou já em 1989 e chegou a ser cogitado pela McLaren após a saída da Honda. Se tornou um dos responsáveis pela equipe Lambo, que surgiu como GLAS, com capital mexicano, mas só ganhou a pista (1991) graças ao empresário italiano Carlo Patrucco. Em 1995, foi um dos fundadores da Oral Engineering, que prestou consultoria a fabricantes e categorias no automobilismo e no motociclismo.
“Hoje é um dia triste para todos nós, já que perdemos um dos mais brilhantes homens a trabalhar nessa casa. Mauro foi um dos últimos engenheiros completos. Conversei com ele várias vezes e cada encontro era uma ocasião especial. Suas ideias revolucionárias, ao lado de sua atitude vibrante e da habilidade de grande motivador de pessoas levaram a Ferrari a viver alguns dos momentos mais importantes de sua história”, resumiu o também engenheiro Mattia Binotto, team-principal da Scuderia.
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