Vettel, grid invertido e especulações: Toto Wolff solta o verbo
Ele tem sido um dos nomes mais comentados durante a pausa no ambiente da F1. Enquanto o circo espera pelo retorno, dia 5, na Áustria (seu país natal), Toto Wolff se tornou acionista da Aston Martin (e ainda voltou a ter participação na Williams), se viu em meio a rumores de que deixaria o posto de team principal da Mercedes e de que a própria montadora deixaria a categoria. Além disso apareceu como a voz contrária à ideia de corridas qualificatórias com o grid invertido como teste este ano e tem nas mãos a possibilidade de contar com Sebastian Vettel.
O próprio time resolveu reunir todos os assuntos para serem respondidos pelo dirigente. O austríaco deixou claro que boa parte das especulações, verdadeiras, dependerão do andamento do campeonato 2020. E abriu o verbo.
Futuro na equipe
“Sou investidor e, assim, adquiri uma participação acionária na Aston, acredito na marca e em sua estratégia para o futuro. Mas estou na Mercedes, sou sócio e team principal. Minha intenção de permanecer segue a mesma. Em que cargo, ainda não sei. Se sentir que não sou mais decisivo para o sucesso da equipe como já fui, posso pensar em mudar de posto. Todas as conversas e reflexões virão com a temporada, agora elas acontecerão”.
Grid invertido
“Parece comum na F1 reciclar ideias rejeitadas no passado e apresentá-las como novidade. Sou contra por três razões básicas. Antes de mais nada, a F1 é meritocracia, o melhor piloto na melhor máquina vence. Não precisamos de um artifício para criar corridas de qualidade. Do meu tempo como piloto de turismo sei como muita gente acaba adotando estratégias quando o resultado de uma prova decide o grid da próxima. Se eu não tenho um carro competitivo, sou o primeiro a abandonar e pronto: pole na corrida qualificatória com a inversão das posições. Com carros mais rápidos vindo de trás o potencial para acidentes e reflexos no campeonato é enorme. Além disso, a segunda e a terceira forças da categoria largarão à frente da primeira. Num cenário de pequenas diferenças, não haverá como superá-las. Vejo como uma ideia oportunista. E não mais que 15% dos fãs se disseram favoráveis aos grids invertidos”.
Vettel, Hamilton e o time em 2021
“A prioridade para o futuro está com nossos pilotos atuais: Lewis, Valtteri e George (Russell). Mas não se deixa de considerar qualquer outro piloto. Assim como Sebastian. Não se fecha as portas de cara para um tetracampeão mundial, ele merece ser levado em conta. Hoje eu não digo que ele categoricamente não estará conosco. Mesmo porque não sabemos o que o futuro reserva. Basta lembrar o que aconteceu com Nico Rosberg e como foi importante ter opções diante de uma decisão inesperada. Mas as conversas começam sempre por quem está no time”.
Saída da Mercedes da F1
“Periodicamente aparecem notícias sobre as fábricas de veículos, seus passos e planos. Especialmente em tempos difíceis e inseguros. O comando do grupo vê a F1 como uma atividade fundamental. O primeiro Mercedes da história foi um carro de competição. Não é apenas mostrar a marca, mas aproveitar de uma importante sinergia tecnológica. As atividades e investimentos são discutidos anualmente mas, neste caso, fomos alvo de alguém que queria gerar cliques”.
Teto orçamentário e limitações aos grandes times
“Aceitamos os limites de custos porque, para a Daimler, é importante que, além dos benefícios publicitário e tecnológico, os custos se mantenham controlados. Vivemos uma nova realidade financeira que impactou toda a indústria. Sobre as restrições aerodinâmicas aos times melhor colocados no Mundial de Construtores, antes de mais nada sou contrário a qualquer tipo de Balance of Performance. Mas o que se fez no regulamento não foi dar competitividade de forma artificial aos menores. São pequenas percentagens a cada ano que tendem a criar maior equilíbrio. Um ajuste fino nas regras, não algo feito com um taco de beisebol”.
Lewis e as manifestações contra o racismo
“Vivi com uma família judia quando pequeno, em tempos difíceis para a minha família, e sei desde então como a discriminação funciona. Todos temos a força para a gerar a mudança e acontecimentos como os dos Estados Unidos podem ser o começo do processo. Lewis é um superastro do esporte que se impôs num ambiente predominantemente branco. Como embaixador da F1, é importante que ele se posicione. Na equipe sempre valorizamos a diversidade e premiamos o desempenho, seja qual for a cor da pele, religião ou formação cultural”.
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