Zanardi se prepara para mais um desafio
Que ele é gigantesco como piloto, atleta e exemplo de vida não há dúvidas. Alessandro Zanardi vem, aos 51 anos, vivendo sua temporada mais intensa nas competições, com medalhas no Mundial de Ciclismo Paralímpico, recorde do triatlo Ironman para portadores de necessidades especiais e um quinto lugar na segunda corrida da etapa de Misano do DTM, a bordo de uma BMW M4 especialmente adaptada. O italiano de Bolonha não escondia, no entanto, ter mais um sonho a realizar em breve: disputar as 24h de Daytona, muito provavelmente como fez nas 24h de Spa-Francorchamps de 2015, em que dividiu o comando de uma BMW Z3 com dois companheiros sem limitações físicas.
A montadora de Munique já havia deixado claro que faria de tudo para que Zanardi concretizasse o desejo a bordo de uma de suas M8 GTE, que desde esse ano representam a marca no IMSA Weathertech e no Mundial de Endurance (WEC). Pois ele acaba de completar, no circuito francês de Miramas, seus primeiros três dias acelerando a máquina, com as devidas adaptações para encarar o misto traçado no lendário oval da Flórida.
Foram três dias de trabalho, mais de 700 quilômetros percorridos, inclusive sob forte chuva, e uma adaptação que não se limitou à pista, mas também incluiu o trabalho de pitstops, troca de pilotos (e do volante), fundamentais para que Zanna possa formar equipe com pilotos sem necessidades especiais. A cobaia foi o finlandês Jesse Krohn, que disputa o WEC com a mesma máquina, e a operação já é feita em poucos segundos a mais do que numa troca habitual. O italiano tem, como no DTM, todos os comandos concentrados no volante e numa alavanca de freio, que conta com um botão para redução ou subida de marchas. A ideia é não usar as próteses das pernas, para reduzir a temperatura corporal e facilitar a logística dentro do carro.
“Acho que progredimos bastante. Miramas não é um circuito fácil, ainda mais com a chuva. Foi um desafio me adaptar ao carro nessas condições e ainda por cima entender o que precisa ser aprimorado. Já sinto bastante à vontade no carro que, aliás, é uma bela máquina. É um privilégio poder comandá-lo por tantas voltas”, explica Zanardi, satisfeito também com a evolução nos boxes. “É como uma dança. Não é fácil afrouxar o cinto, destravar o volante, entregá-lo ao outro piloto, deixar o carro e ainda ajudá-lo a apertar o cinto, ligar a comunicação pelo rádio. Já conseguimos fazer isso em 15 segundos, e podemos melhorar”, garante.
Zanardi fará seu próximo teste em Daytona (provavelmente mês que vem, antes do ‘Roar Before the Rolex’ de janeiro) e a autorização especial da IMSA para as modificações no carro são consideradas uma formalidade. Se houver também sinal verde da FIA, as portas estariam abertas para que o sensacional piloto, bicampeão da Indycar e bicampeão olímpico dispute as 24h de Le Mans, somando mais um ‘monumento’ ao já impressionante currículo.