Indy Rio 200: por enquanto, apenas uma remota possibilidade
Em fim de semana de GP do Brasil de Fórmula 1, uma notícia vinda de outra categoria deixou o cenário da quinta-feira alvoroçado. Com um vídeo em seu perfil no Twitter, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella anunciou a realização de uma etapa da Indycar Series em 2020 num circuito de rua desenhado em torno do Sambódromo, tendo como reta a famosa e mundialmente conhecida Rua Marquês de Sapucaí, que se tornou o palco do samba.
O material foi gravado depois de uma reunião com emissários da categoria norte-americana, entre os quais é possível reconhecer, além do empresário Willy Hermann, o neozelandês Tony Cotman, que se tornou consultor do campeonato para segurança e desenho dos circuitos (já foi vice-presidente de competição da Indy). E mostra o que seria o traçado, valendo-se de um trecho da Avenida Presidente Vargas e da 31 de Março, com uma proposta semelhante à adotada por São Paulo para receber a categoria, entre 2010 e 2013, em torno do Anhembi (e da passarela do samba paulistana).
Crivella fala na prova como confirmada, mas o que há é um projeto prévio, assim como Buenos Aires e Punta del Este, no Uruguai, mantiveram as mesmas conversas e trabalham com o mesmo prazo. Há uma série de fatores a serem levados em conta para se bater o martelo e a Cidade Maravilhosa, que segue sem perspectiva de um autódromo para substituir Jacarepaguá, voltar a receber a categoria, como ocorreu entre 1996 (como Indy Rio 400) e 2000 (Indy Rio 200), sempre no oval Emerson Fittipaldi, desenhado em torno do traçado original do extinto complexo.
Antes de mais nada, o pagamento do ‘fee’, o cachê exigido pela Indycar para seus eventos que, no caso das provas fora dos EUA, inclui os custos de transporte dos equipamentos das escuderias; dos carros e do material de resgate. Há ainda a estrutura de segurança (muretas de concreto, cercas e redes metálicas) e, não menos importante, o reasfaltamento total do circuito – vale lembrar que, em São Paulo, as ondulações e problemas de aderência exigiram uma raspagem de urgência do piso na primeira edição. Custos que se tornariam menos proibitivos com um title sponsor, o que, ao menos no Rio, não foi o caso.
Vale lembrar ainda que a relação entre governos municipais do Rio e as principais categorias do automobilismo internacional não tem sido das mais amistosas. Em 2001, o então prefeito Cesar Maia cancelou os acordos então existentes com a Indy e a Moto GP, alegando mudança de prioridades. Já Eduardo Paes vetou os planos de vinda da Fórmula E em sua primeira temporada a um circuito no Aterro do Flamengo, alegando que, à época, os Jogos Olímpicos eram prioridade. E os planos de trazer a Indy a Brasília foram barrados pelo Governo do Distrito Federal, que não efetuou as reformas necessárias para receber o circo no Autódromo Internacional Nelson Piquet em 2015.
Outro fato a se considerar é a preocupação de organização e equipes com uma nova expansão da Indy, agora que a volta de Portland e a chegada do COTA trazem perspectivas de aumento de público e a categoria vive um momento de retomada do prestígio. Consultas feitas pelo México não levaram a um acordo e há o temor de que uma nova tentativa de internacionalizar a categoria se transforme numa distração, ou provoque efeito oposto ao desejado. Estamos de olho nos próximos capítulos da série…