Um raio x do Audi RS Q e-tron, campeão do Dakar 2024 com Carlos Sainz

O Rally Dakar 2024 entra para a história nos carros não só pela quarta vitória de Carlos Sainz, mas também por um feito inédito em 45 edições da prova. A conquista de um modelo movido por energia renovável, o Audi RS Q e-Tron E2, em sua terceira configuração diferente. Um projeto que deu seus primeiros passos em 2021 e, ao que tudo indica, será encerrado este ano, para que a montadora alemã concentre atenções e recursos na chegada à Fórmula 1.

O Audi RS Q e-tron surgiu aproveitando a experiência da marca na Fórmula E. Ele é movido por duas unidades de potência usadas na categoria elétrica de monopostos, um por eixo (tração 4×4), gerando 286 kW, o equivalente a 376 cavalos. Com etapas que superam os 700km e especiais cronometradas que se aproximam dos 500km no Dakar, desde o início ficava claro o problema da autonomia. Nos carros, não há pontos de reabastecimento que permitiriam uma recarga.

A solução veio de outra categoria em que a Audi teve participação oficial, o DTM, no regulamento Class 1. O motor 2.0 quatro cilindros TFSI que equipava os RS5 foi montado no RS Q e-tron com a função de conversor de energia. Ao lado do sistema de regeneração de energia das frenagens, é ele quem recarrega as baterias de lítio do protótipo inscrito na categoria Ultimate (T1U). Para reduzir o impacto ambiental, o combustível usado para alimentá-lo é sintético, desenvolvido a partir de biomassa e sem componentes fósseis.

Rival e parceiro

A base do Audi do Dakar é um chassi tubular em aço, desenvolvido pela Audi Sport em parceria com a Q Motorsport. Empresa montada por Sven Quandt, herdeiro da BMW e dono da X-Raid, que trouxe toda a sua experiência no projeto de máquinas para o rally cross-country. A estrutura é envolvida por paineis em fibra de carbono e zylon para aumentar a segurança de piloto e navegador e a rigidez do conjunto.

A primeira participação (2022) no Dakar foi marcada por vitórias de etapa, ainda que o principal objetivo fosse ganhar quilometragem e informações para os anos seguintes. A primeira versão do RS Q e-tron mostrou problemas de refrigeração, além de fragilidade nas suspensões. Mas mostrou o caminho a ser seguido pela Audi.

O grupo comandado pelo diretor-técnico Leonardo Pascali e pelo projetista Axel Löffler redesenhou totalmente o protótipo para 2023, criando a versão E2. Com melhor distribuição de peso (e mais leve); centro de gravidade mais baixo, maior atenção à refrigeração e uma aerodinâmica mais agressiva. As recomendações de pilotos e navegadores – além do próprio Sainz, o Mr. Dakar Stephane Peterhansel e Mattias Ekstrom comandam o RS Q e-tron –; ajudaram a tornar os comandos mais intuitivos no cockpiy. Também trouxeram mudanças em detalhes que contam muito, como o posicionamento dos estepes e seu sistema de retirada para troca.

Sainz venceu mais uma etapa, mas o único Audi a terminar (o de Ekstrom) foi apenas 14º.

Para 2024, a ordem foi aprimorar o modelo, evoluindo mais uma vez a aerodinâmica. As experiências anteriores levaram Nasser Al-Attiyah a prever que “a Audi não seguiria na luta pela vitória além do terceiro dia”. Na prática, o que se viu foi o contrário: o catariano e seu Prodrive Hunter T1+ abandonaram, enquanto os três RS Q e-tron completaram o Dakar.

Futuro

A Audi Sport já deixou claro que não retornará oficialmente ao Dakar em 2025. A dúvida agora envolve a possível participação nas demais etapas do Mundial de Rally Cross-Country (W2RC). O que traria a chance de mais um título à casa dos quatro anéis.

Há rumores ainda de que Quandt alinharia os RS Q e-tron de forma privada no ano que vem. Se for o caso, não deve contar com as duplas atuais. Sainz interessa à Ford e Ekstrom tem seu nome ligado à Toyota. A continuidade do modelo é importante para o Dakar, que abraça cada vez mais as energias sustentáveis.

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