Automobilismo internacional em luto: morre Carlos Reutemann
Uma quarta-feira triste para o automobilismo internacional, com a confirmação da morte de Carlos Reutemann, aos 79 anos, em sua Santa Fé natal. Atualmente senador na Argentina, o ex-piloto não resistiu a complicações digestivas em consequência de um câncer no fígado. Seus 11 anos no Mundial de Fórmula 1 foram marcados por bem mais do que as 12 vitórias, seis poles e 45 pódios, a bordo de Brabham, Ferrari, Lotus e Williams.
‘Lole’, como era conhecido, viu a grande chance de se sagrar campeão mundial comprometida pela disputa interna com Alan Jones no time de Frank Williams. O australiano conquistou o título em 1980 e, no ano seguinte, tinha status de primeiro piloto, a ponto de o argentino receber uma placa em Interlagos determinando a inversão de posições, para vitória do companheiro.
Ordem desobedecida, deu início a uma guerra que trouxe o troco mais tarde. Mesmo sem chance de chegar ao bicampeonato, Jones não abriu espaço para o argentino em dois GPs. Com um discreto oitavo lugar nas ruas de Las Vegas, Reutemann viu a taça escapar por um ponto para Nelson Piquet (Brabham).
Início difícil
Lole aprendeu a dirigir cedo, mas começou tarde a competir, em categorias regionais de Santa Fé. Depois das primeiras experiências com carros de fórmula, passou a sonhar em correr na Europa. Depois de vencer uma seletiva de pilotos da YPF (a petrolífera argentina), estreou na F-2 em 1969. Dois anos depois, foi vice-campeão (superado por Ronnie Peterson) e assinou o contrato para estrear na F-1 pela Brabham. Sua primeira prova na categoria veio naquele mesmo ano, na prova extra-campeonato que homologou a volta do GP da Argentina, com uma McLaren.
As primeiras vitórias vieram em 1974 com a Brabham (África do Sul, Áustria e Estados Unidos). No ano seguinte, teve José Carlos Pace como companheiro no time então comandado por Bernie Ecclestone. Reutemann foi o escolhido por Enzo Ferrari para substituir Niki Lauda na Ferrari no GP da Itália de 1976, depois do grave acidente do austríaco em Nurburgring. O que valeu um posto de titular no ano seguinte, quando substituiu Clay Regazzoni. Deixou o time rumo à Lotus (para o posto deixado vago com a morte de Peterson) justamente no momento em que Jody Scheckter se sagrou campeão com o carro de Maranello.
Discreto e introvertido, ‘Lole’ encerrou a carreira no Brasil, em 1982 (segunda etapa do campeonato), indignado com o tratamento da Williams no ano anterior. Em Interlagos e Jacarepaguá, aliás, venceu três vezes (1977, 1978 e 1981).
Embora tenha sido o argentino de maior sucesso na F-1 depois do pentacampeão Juan-Manuel Fangio, ganhou em seu país a fama de ‘eterno segundo’. O que nunca o incomodou. “Nunca me esqueço de que, quando era menino, precisava andar 10 quilômetros a cavalo para conseguir ir à escola. Quando comecei a me interessar pelas corridas, me parecia algo impensável. Não tinha dinheiro para um carro. Consegui chegar à F-1, acho que não está mal”. Em 2004, Reutemann teve a chance de voltar ao cockpit de um F-1: pilotou a Ferrari F2004 em Fiorano.
Política
Longe dos holofotes, Reutemann iniciou a carreira política por influência do presidente Carlos Menem. Se elegeu governador da Província de Santa Fé em 1991 e voltou ao cargo em 1999. Cumpria o quarto mandato como senador pelo Partido Justicialista (Peronista).
Pelo Twitter, Cora Reutemann, filha de Carlos, deu a notícia da morte, e descreveu o pai. “Sinto-me orgulhosa e abençoada pelo pai que tive. Sei que acompanhará todos os dias até que nos encontremos na casa do Senhor”, escreveu.
- Com informações do Clarin
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