Enquanto conversa com times da F-1, Sérgio Sette Câmara admite pressão por objetivo na F-2
A pausa no calendário da Fórmula 2 para as férias de verão (europeu) do circo foi aproveitada como se deve, com uma rara visita à verdadeira casa, não sem antes encarar uma série de compromissos com patrocinadores. Antes de retornar a Barcelona, onde está radicado, e de lá retomar a temporada da categoria de acesso em Spa-Francorchamps, Sérgio Sette Câmara falou com exclusividade ao Racemotor sobre a reta final do campeonato, seus objetivos de curto e médio prazo e fez um balanço de oito etapas que renderam uma pole, dois pódios e a sétima posição no campeonato, apesar dos problemas mecânicos; do acidente que o tirou da etapa de Mônaco e do segundo lugar que escapou no Azerbaijão por uma falha da equipe Carlin no cálculo do combustível no tanque do Dallara-Mecachrome. Pontos que, se somados, colocariam o piloto de Belo Horizonte duelando com o tailandês Alexander Albon pelo terceiro posto na classificação, seu objetivo para o ano, já que seria sinônimo da Superlicença que permitiria o salto para a F-1.
“Consegui me acostumar à embreagem que deu problemas para tantos pilotos no começo do ano, não tive corridas comprometidas por ela mas, por outro lado, fui dos poucos obrigados a abandonar por quebra de motor no ano. Foi assim em Barcelona e Silverstone. Houve alguns erros da equipe e meus também, como na Hungria, na última volta, quando brigava pelo pódio mas, principalmente, em Mônaco. Tinha a melhor volta na qualificação, queria baixá-la ainda mais e dei azar de bater num ponto (a curva Sainte-Devote) em que acabei lesionando o punho e ficando fora das duas corridas. É passado, tenho que pensar que as pistas que vêm pela frente me favorecem e buscar fazer o melhor possível da Bélgica em diante”.
Se o fato de não pensar no título (embora matematicamente possível, com 63 pontos de distância e 184 em jogo) poderia levá-lo a arriscar mais nas oito corridas restantes, o piloto surpreende ao afirmar que se considera mais pressionado do que os britânicos George Russell (ART) e Lando Norris, seu companheiro de equipe, que comandam a pontuação. “Acredito que tenho mais a perder do que eles já que não posso errar mais ou ter problemas. Mesmo chegar ao terceiro lugar não será fácil e preciso pontuar sempre. Não posso me dar ao luxo de não terminar as corridas. O que me anima é que ano passado venci em Spa, mesmo com um carro bastante inferior ao atual, espero ir bem lá mais uma vez”.
E se o número reduzido de postos na F-1 dificulta a vida de qualquer candidato, Sette Câmara e seu manager, o espanhol Albert Resclosa, mantêm as conversas com vários times, sempre pensando na possibilidade de uma vaga como piloto de testes. Um cenário favorecido pelas várias mudanças recentes, como a ida de Daniel Ricciardo da Red Bull para a Renault; a saída de Fernando Alonso da McLaren e sua substituição por Carlos Sainz e a compra da Force India por um grupo de investidores capitaneado por Lawrence Stroll, pai de Lance, o que sugere transformações também na Williams. “Seguimos de olho, conversando, sem dúvida essas novidades abrem algumas perspectivas, mas até para isso é importante que eu faça minha parte nesse fim de campeonato”, conclui.