Nova polêmica envolvendo a Manor. Agora no WEC
Polêmica é uma palavra constante quando se fala na equipe Manor – não a do último ano na F-1, que já não contava com a dupla John Booth/Graeme Lowdon no comando. Os dirigentes britânicos, depois da saída do circo, em 2016, resolveram se aventurar no Mundial de Endurance, com dois Orecas LMP2, cujos trios reuniam pilotos com passado no time (caso do indonésio Tor Graves) a outros que garantiam o dinheiro necessário para manter a operação. O desempenho satisfatório levou à busca de um passo ainda mais ambicioso: alinhar inicialmente um protótipo Ginetta G60-LT P1 Mecachrome na categoria LMP1 do FIA WEC (que passariam a ser dois, com a mudança de planos e a chegada de capitais chineses garantidos pelo grupo CEFC).
Grupo esse que, envolvido em irregularidades em seu país natal, deixou de garantir a verba necessária para a Super Season 2018/2019, levando ao cancelamento da participação nas 6h de Spa-Francorchamps, com os carros já nos boxes. Com o suporte da fabricante dos protótipos e seu proprietário, Lawrence Tomlinson, os carros foram à pista nos testes extra-oficiais para as 24h de Le Mans, mostrando um potencial interessante apesar da pouca quilometragem. E, mesmo em meio a problemas típicos de juventude, o #5 conseguiu concluir a maratona da Sarthe, em 41º lugar.
Quando parecia que o resultado poderia injetar ânimo (e novos capitais) no time, veio a notícia de que a Manor não participaria justamente da prova de casa, as 6h de Silverstone, dia 17, para testar o mesmo motor AER turbo usado pela Rebellion Racing, dando a entender que o propulsor V6 3.4 turbo dos franceses – derivado da unidade usada na Fórmula 2 – deixou a desejar.
A resposta da fabricante não demorou e confirmou que havia rachaduras sim, mas no relacionamento entre as duas partes. Num comunicado público, os franceses revelaram que o contrato previsto com a Manor para toda a temporada nunca foi assinado, e que a participação em Le Mans só foi possível graças à intervenção de Tomlinson, a quem são gratos. “Da nossa parte, cumprimos o compromisso técnico. Houve alguns problemas ligados ao motor, que procuramos solucionar, mas também outros que não diziam respeito a ele. Chegar a Le Mans com menos de 3.000 quilômetros percorridos não era a melhor das preparações e, ainda assim, as falhas encontradas nos dois carros não podem ser atribuídas ao nosso trabalho”.
O texto revela estranheza com as críticas de que o desempenho dos motores esteve abaixo do esperado. “Desde o começo se sabia que a prioridade era completar a prova para acumular informações e experiência e, por isso, em comum acordo, optamos por uma configuração menos extrema. De nada adiantaria ter 50 cavalos a mais e ficar pelo caminho”, lembram os franceses. Que agora procuram outra equipe disposta a apostar no desenvolvimento do V6 – há dois estágios de evolução programados até o começo de 2019.