Dez dias depois do GP de Abu Dhabi da F-1 e seu desfecho intenso, um dos protagonistas daquela reta final em Yas Marina resolveu falar. Nicholas Latifi (Williams) provocou a entrada do safety car a cinco voltas do fim da corrida depois de bater quando disputava com Mick Schumacher (Haas) – o que virou completamente o jogo a favor de Max Verstappen (Red Bull). Nos dias que se seguiram, o canadense foi alvo de uma enxurrada de ameaças, insultos e acusações nas redes sociais. Muitos internautas passaram a dizer que o acidente foi proposital, numa tentativa de favorecer o time do touro vermelho. Surgiu até mesmo a absurda alegação de que a Williams, embora com motores Mercedes, terá em 2022 Alex Albon, piloto da Red Bull. O que justificaria o ‘favor’.
Latifi não economizou linhas para chamar a atenção sobre a gravidade do problema. No texto, diz que se ausentou das redes por alguns dias para deixar a poeira baixar. E que não falava com um discurso pronto, mas com o que realmente se passa em sua cabeça. “Espero que que ele (o texto) levante discussões sobre os impactos do bullying online e as consequências sobre as pessoas. Usar as mídias sociais com mensagens de ódio e ameaças de violência é chocante. Ao refletir sobre o que aconteceu na pista, havia apenas um grupo a quem eu deveria pedir desculpas: a equipe. E assim fiz logo que deixei o carro. Muita gente disse que eu lutava por uma posição que não valia nada mas, como qualquer outro piloto do grid, quero fazer o melhor possível até a bandeirada. Não entender ou não concordar com isso é aceitável. Mas usar essas ‘opiniões’ para propagar ódio a mim e à minha família indica que não se trata de fãs do esporte”.
O piloto lembrou que já viveu o bastante para não se deixar abalar com críticas e manifestações negativas (“ter a pele cascuda é parte da vida de um atleta”), mas lembrou que é fundamental amparar quem é vítima deste tipo de ataque nas mais variadas situações. “Vejo que é difícil fazer quem agiu assim mudar seu comportamento, mas é importante denunciá-lo e não ficar em silêncio”, prosseguiu.
‘Chumbo trocado’
O pior de tudo é que não se tratou do primeiro problema do tipo na temporada. Após o GP da Grã-Bretanha e o toque entre Lewis Hamilton e Verstappen, o heptacampeão mundial foi alvo de diversas manifestações de ódio de supostos apoiadores do holandês.