Luto no automobilismo: morre Sir Frank Williams

Um domingo de tristeza no automobilismo com uma perda bastante sentida. Morreu aos 79 anos Sir Frank Williams, criador de uma das mais vitoriosas equipes do Mundial de F-1, especialmente nas décadas de 1980 e 1990. A informação foi confirmada pelo time que, embora ainda com seu nome, ganhou nova propriedade no ano passado. O dirigente havia sido internado em um hospital britânico na sexta-feira.

Williams chegou à F-1 em 1969, três anos depois de montar sua primeira escuderia (Frank Williams Racing Cars), depois de uma passagem como piloto e mecânico. À época, trabalhou ao lado do compatriota Piers Courage, com quem desenvolveu uma grande amizade – foi ao pódio duas vezes na primeira temporada. Em 1970, no entanto, viu o amigo sucumbir a um grave acidente em Zandvoort – o time alinhava um De Tomaso, em parceria com a marca italiana.

Nos anos seguintes, o time ganhou o nome da fabricante italiana de automóveis Iso, parceria que durou até 1974. Com orçamentos limitados, a solução foi alinhar pilotos pagantes ao lado do titular Arturo Merzario, até a chegada do francês Jacques Laffitte. A falta de dinheiro prosseguiu e nem mesmo uma parceria com o bilionário Walter Wolf mudou a sorte da equipe. Wolf comprou a estrutura de Williams que, ao lado do fiel parceiro Patrick Head, criou em 1977 a Williams GP Engineering.

Títulos

Juntos, Williams e Head ganharam fôlego financeiro com o apoio de empresas sauditas – a companhia aérea Saudia, a Tag, de Mansour Ojjeh, que depois iria para a McLaren e uma ‘certa’ Albilad, que pertencia ao pai do terrorista Osama Bin Laden. A primeira das 114 vitórias veio com Clay Regazzoni em Silverstone 1978. Na época, a equipe já contava com o promissor australiano Alan Jones. Que dois anos depois superaria Nelson Piquet e a Brabham para conquistar o primeiro título mundial na F-1 para o time de Didcot.

No ano seguinte, a disputa interna entre Jones e o argentino Carlos Reutemann permitiu a Piquet ficar com o campeonato de pilotos, mas a Williams assegurou o bi entre os construtores. E voltou a dominar na equilibrada temporada 1982, graças a Keke Rosberg.

Piquet chegou à equipe em 1986 e a parceria com a Honda valeu naquele ano mais uma coroa de construtores, apesar das diferenças entre o brasileiro e o companheiro Nigel Mansell. No mesmo ano, Frank Williams sofreu um grave acidente no sul da França quando dirigia para chegar ao aeroporto em que embarcaria para Londres – faria uma meia-maratona (outra de suas paixões) no dia seguinte. As lesões o fizeram perder os movimentos dos membros inferiores. Piquet e Mansell voltaram a duelar em 1987, quando o carioca levou a melhor para festejar o tri.

Conquistas e tragédia

A saída dos japoneses fez o time usar os limitados motores Judd no ano seguinte, até que tivesse início a fase dos propulsores Renault. Com eles e um carro que abusava da eletrônica embarcada (contava com a suspensão ativa), desenhado por Adrien Newey, Mansell finalmente seria campeão em 1992. No ano seguinte, foi a vez de Alain Prost garantir o número 1, batendo Ayrton Senna e a McLaren Ford.

Animado com o potencial do time nos anos anteriores, Ayrton Senna assinou com a Williams para 1994. A proibição das ajudas eletrônicas, no entanto, prejudicou a equipe e seus planos. Sem pontuar nos primeiros três GPs do ano, o brasileiro foi vítima do acidente no GP de San Marino, em Imola – as investigações mostraram que a quebra da barra de direção do FW16 provocou a tragédia. O que fez com que Newey e Frank respondessem à Justiça italiana. Damon Hill ainda chegou à Austrália brigando pelo título, mas foi atingido de forma polêmica por Michael Schumacher, que ficou com o campeonato.

O filho de Graham Hill levaria o título em 1996 pela Williams, seguido por outro herdeiro (Jacques Villeneuve). Com a saída da Renault, começava mais um período de dificuldades técnicas, até que a BMW iniciasse uma colaboração marcada por 10 vitórias.

Brasileiros

Não é exagero dizer que a Williams se tornou a mais brasileira das equipes inglesas. Em sua primeira fase, alinhou José Carlos Pace em 1972. Depois da passagem de Piquet e Senna, contou com Antonio Pizzonia (2004/2005); Rubens Barrichello (2011/2011) e Felipe Massa (2014 a 2017), que conquistou a última pole da equipe (Áustria 2014). Além de manter um acordo com a Petrobras para o fornecimento de combustíveis no fim dos anos 1990.

Com o agravamento das condições de saúde do fundador em 2016, a filha Claire passou a comandar as atividades da Williams até a venda para o grupo Dorilton Capital. O que marcou o fim da história do ‘último garagista britânico da F-1’. A última vitória veio com o venezuelano Pastor Maldonado (Espanha 2012).

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